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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Ética empresarial, contramão da ação promocional

Por Caren Baraúna, Larissa Mahall e Samara Silveira

Obedecer às leis, cumprir normas, exigir direitos e deveres fazem parte do vocábulo quando se fala em ética empresarial, mas será que só esses itens dão conta de pautar a ética nas organizações?

Para Mário Humberg (1997), a partir da década de 70, nos Estados Unidos, a exigência da ética nos negócios alcançou o comportamento pessoal, empresarial e profissional, uma vez que a sociedade começou a cobrar mais dos grandes empresários. E a organização como organismo vivo, deparou-se com a influência desse fator externo chamado opinião pública. A exemplo disso, na Itália (dec. 90), tem-se a Operação Mãos Limpas que causou o afastamento e punição contra autoridades e grandes empresários, os quais sofreram investigação judicial por casos de corrupção, afetando, consequentemente, as relações político-empresariais com Japão, Coreia do Sul, Brasil , França e os EUA.

No Brasil, a ética começou a se espreguiçar no contexto político, pós ditaduras Getúlio Vargas, dec.30 e Militar em 64. Com isso, o sentimento de cobrança de direitos, de transparência tornou-se evidente. A partir daí, as empresas começaram a sofrer exigência da sociedade em relação a sua postura e relação com o meio em que está inserido. A partir dos anos 90, não basta mais cumprir a legislação, mas criar ações criativas nos procedimentos internos da organização.

Diante disso, as “empresas viram-se forçadas a adotar iniciativas mais amplas para evitar ações na Justiça e retomar a confiança de clientes”, segundo Humberg. Mas quem formula (va) o Código de Ética são os fundadores da empresa e assim, como questões culturais, morais, a ética faz parte da sua bagagem pessoal, acabando por privilegiar certos grupos dentro da empresa. Para isso é necessário saber seu conceito:
A ética empresarial representa a definição de posturas adotadas pela empresa e por seus dirigentes e, embora baseado em conceitos morais, se distingue destes pela sua característica mais utilitária. Trata-se de definir procedimentos para o dia-a-dia da empresa e não conceitos filosóficos ideais.(HUMBERG, p.61. 1997).

Para ser ética, a empresa precisa ser cada vez mais inteligente, sendo capaz de competir com sucesso, trazer satisfação pessoal aos colaboradores, conquistar consumidores e acionistas, projetando um futuro promissor, no entanto há organizações que internalizam a imagem de “semi-éticas”.

As ações, planos e programas devem ser criativos e planejados para fazer da ética uma prática do dia-a-dia da empresa. Humberg alerta que “não basta a definição de um código de ética baseado no de outras empresas, formulado como cópia ou adaptação dos 10 mandamentos com linguagem negativa, encarando o empregado como inimigo”. O processo e aplicação da ética deve ser um trabalho coletivo.
Nessa interlocução participativa dos membros da empresa, o profissional de Relações-Públicas atua como mediador do processo. Esses profissionais precisam convencer as organizações que o melhor caminho a ser seguido é implantar a ética organizacional e para isso é preciso que eles tenham atitude pessoal e acreditar que a ética é de fundamental importância para todas suas ações.

Com isso, além de antecipar exigências da sociedade - cada vez mais conectada e informada - o RP deve, juntamente com a empresa, definir que nível de transparência deve ser adotado no caso de problemas sérios como acidentes, por exemplo. Essa e outras questões devem ser refletidas, planejadas e resolvidas na conduta ética da empresa.

Usando programas de ética empresarial



Baseado no texto HUMBERG, Mario Ernesto. O profissional e a ética empresarial. In: KUNSCH, Maria Margarida Krohling (Org). Obtendo resultados com relações públicas. São Paulo: Pioneira, 1997.
Conceito de Responsabilidade Social Empresarial, disponível em http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/pt/29/o_que_e_rse/o_que_e_rse.aspx, acessado em 16 de abril de 2011, às 16h.