Obedecer às
leis, cumprir normas, exigir direitos e deveres fazem parte do vocábulo quando
se fala em ética empresarial, mas será que só esses itens dão conta de pautar a
ética nas organizações?
Para Mário Humberg
(1997), a partir da década de 70, nos Estados Unidos, a exigência da ética nos
negócios alcançou o comportamento pessoal, empresarial e profissional, uma vez
que a sociedade começou a cobrar mais dos grandes empresários. E a organização
como organismo vivo, deparou-se com a influência desse fator externo chamado
opinião pública. A exemplo disso, na Itália (dec. 90), tem-se a Operação Mãos Limpas
que causou o afastamento e punição contra autoridades e grandes empresários, os
quais sofreram investigação judicial por casos de corrupção, afetando,
consequentemente, as relações político-empresariais com Japão, Coreia do Sul,
Brasil , França e os EUA.
No Brasil, a
ética começou a se espreguiçar no contexto político, pós ditaduras Getúlio
Vargas, dec.30 e Militar em 64. Com isso, o sentimento de cobrança de direitos,
de transparência tornou-se evidente. A partir daí, as empresas começaram a
sofrer exigência da sociedade em relação a sua postura e relação com o meio em
que está inserido. A partir dos anos 90, não basta mais cumprir a legislação, mas
criar ações criativas nos procedimentos internos da organização.
Diante disso, as
“empresas viram-se forçadas a adotar iniciativas mais amplas para evitar ações
na Justiça e retomar a confiança de clientes”, segundo Humberg. Mas quem
formula (va) o Código de Ética são os fundadores da empresa e assim, como
questões culturais, morais, a ética faz parte da sua bagagem pessoal, acabando
por privilegiar certos grupos dentro da empresa. Para isso é necessário saber
seu conceito:
A ética empresarial representa a definição de
posturas adotadas pela empresa e por seus dirigentes e, embora baseado em
conceitos morais, se distingue destes pela sua característica mais utilitária.
Trata-se de definir procedimentos para o dia-a-dia da empresa e não conceitos
filosóficos ideais.(HUMBERG, p.61. 1997).
Para ser ética,
a empresa precisa ser cada vez mais inteligente, sendo capaz de competir com
sucesso, trazer satisfação pessoal aos colaboradores, conquistar consumidores e
acionistas, projetando um futuro promissor, no entanto há organizações que
internalizam a imagem de “semi-éticas”.
As ações, planos e programas devem ser
criativos e planejados para fazer da ética uma prática do dia-a-dia da empresa.
Humberg alerta que “não basta a definição de um código de ética baseado no de
outras empresas, formulado como cópia ou adaptação dos 10 mandamentos com
linguagem negativa, encarando o empregado como inimigo”. O processo e aplicação
da ética deve ser um trabalho coletivo.
Nessa interlocução
participativa dos membros da empresa, o profissional de Relações-Públicas atua
como mediador do processo. Esses profissionais precisam convencer as
organizações que o melhor caminho a ser seguido é implantar a ética
organizacional e para isso é preciso que eles tenham atitude pessoal e
acreditar que a ética é de fundamental importância para todas suas ações.
Com isso, além
de antecipar exigências da sociedade - cada vez mais conectada e informada - o RP
deve, juntamente com a empresa, definir que nível de transparência
deve ser adotado no caso de problemas sérios como acidentes, por exemplo. Essa e outras
questões devem ser refletidas, planejadas e resolvidas na conduta ética da
empresa.
Usando programas
de ética empresarial
Baseado no texto HUMBERG, Mario Ernesto. O profissional e a ética empresarial. In: KUNSCH, Maria Margarida Krohling (Org). Obtendo resultados com relações públicas. São Paulo: Pioneira, 1997.
Conceito
de Responsabilidade Social Empresarial, disponível em http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/pt/29/o_que_e_rse/o_que_e_rse.aspx,
acessado em 16 de abril de 2011, às 16h.